Em casa no Brasil

Experiência auditiva em realidade virtual “Em casa, no Brasil”

Imagine se, de repente, você tivesse que deixar a sua casa para trás e partir em busca de proteção em um outro país, tornando-se assim refugiada. Ao chegar nesse novo país, sem dúvida você enfrentaria dificuldades para se adaptar com a nova cultura, idioma, modos de vida…

Com o tempo, estando nesse novo país, o que a faria se sentir em casa, estando longe de casa?

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o SESC-SP fizeram essa pergunta para algumas pessoas que, estando refugiadas no Brasil, sentem-se em casa por aqui.

Ouça os depoimentos, visite a casa em realidade virtual e compartilhe a sua resposta nas redes sociais com a #EmCasaNoBrasil.

 

 

 

 

 

 

 

“Poder sonhar com a possibilidade de voltar para meu país é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”

 

 

 

Sua casa em Caracas, na Venezuela, era pequena, mas também bonita porque “era minha”. Tinha todas as comodidades necessárias para uma vida tranquila. Viveu naquela casa por 15 anos, com suas filhas e com uma querida cachorra. Seu sonho é reconstruir a vida por aqui, voltar a ter sua própria casa, pois hoje mora em um espaço alugado de três cômodos. Sente saudade de viver com as pessoas com quem podia compartilhar o tempo todo…

 

 

 

 

 

 

 

 

“A esperança em um futuro melhor é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Lagos, na Nigéria, era localizada em uma rua bonita, segura. As portas estavam sempre abertas, ninguém jogava sujeira nas ruas… E Lawrence gostava de brincar descalço pela rua, correndo livremente. Se sair de casa foi difícil, o Brasil é visto como estar dentro de um novo lar, pois Lawrence acredita que a vida no país será melhor, pois “o Brasil tem futuro”. Ele quer dar continuidade aos seus estudos e se tornar mestre em administração financeira.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ter condições de lutar pelo melhor para nosso filho é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Casados desde 2005, o casal teve que deixar o Irã e decidiu ir para a Turquia em busca de proteção. Entretando, a Turquia os concedeu um prazo curto de permanência e logo tiveram que buscar um novo país. Tentaram desesperadamente solicitar refúgio em várias embaixadas e só o Brasil os acolheu, algo marcante para a família. O filho do casal já está bem adaptado à realidade brasileira e aos poucos estão conseguindo voltar a ter as condições de antes.

 

 

 

 

 

 

 

 

“O respeito com que as pessoas me olham pela minha história e pela pessoa que eu sou é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Maputo, capital de Moçambique, era a de sua avó. Deixou muita coisa que gostava para trás, que tinha conquistado, para chegar ao Brasil. Foi uma novela que a fez descobrir a realidade do Brasil, onde poderia viver livremente sua sexualidade. Está há seis anos no país e no começo foi morar em um quartinho. Agora, ao lado de sua companheira,  estão vivendo em uma casa que é a que desejava ter. O próximo passo de Lara é realizar o sonho de ser mãe.

 

 

 

 

 

 

 

 

Talvez seja mesmo a agitação de São Paulo o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Damasco, na Síria, era um apartamento no centro da cidade. Quando criança, adorava jogar basquete dentro de seu quarto. Os vizinhos reclamavam do barulho que, entretanto, era ofuscado pelo ruído do trânsito. Estes ruídos são parecidos aos que ele escuta hoje, da janela de sua casa, no centro de São Paulo. Mohammed até pensou em se mudar para um lugar mais calmo, mas ele gosta da vida agitada, de estar com muita gente. Sonha em montar um centro cultural árabe.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Continuar a compartilhar o amor é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Havana, capital de Cuba, era próxima do mar. Visitar o mar era algo que fazia parte de sua vida, pois ia lá não apenas para brincar – e brincava muito, livremente – mas para tudo. Já no Brasil não consegue ir sempre para o mar, pois não mora no litoral, mas carrega dentro de si os valores que aprendeu com seus pais e avós. “Não tínhamos nada materialmente, a não ser muito amor, a gente acreditava e compartilhava amor”. Cita o poeta uruguaio Mario Benedetti, em quem se inspira para nunca se render.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Continuar a estudar para me formar e exercer uma profissão é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Maturin, na Venezuela, era pequena mas mas de muitas lembranças – principalmente de ir para a casa de sua avó para brincar com seus primos. Acordava às cinco da manhã para fazer a comida e depois ia para a escola, onde estudava em período integral. Aqui no Brasil, Eiker e sua família passaram um tempo difícil na chegada, em Boa Vista. Estiveram abrigados em uma casa como esta e agora, tendo sido interiorizados para São Paulo, constroem seus futuros com dignidade e perseverança.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Poder crescer, ver meus filhos bem e poder ajudar os outros é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Kinshasa, na capital da República Democrática do Congo, ficava em uma parte da cidade com muita vivacidade, com pessoas que gostam de música, gastronomia e de conversa, muita conversa. A casa tiha espaços para cultivar hortaliças, como couve. Ela trabalhava na televisão, como operadora de câmera, e passou muita dificuldade inicialmente. Viveu em um albergue e agora mora em uma boa casa, com um bom trabalho. Seu sonho é poder ajudar outras pessoas, como ela mesma foi ajudada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Poder seguir sonhando com um bom futuro para meus filhos é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sua casa em Pasto, no interior da Colômbia, era um bom apartamento. Embora a cidade seja fria e pequena, seu povo é caloroso, alegre, carnavalesco até. Lembra das geadas e de tomar um café gostoso às seis da manhã. Aqui no Brasil, teve a sorte de morar em São Caetano, que é um lugar tranquilo, sem violência – diferentemente da realidade que enfrentou na Colômbia. Está trabalhando, segue estudando e sonha em empreender uma nova carreira que o projete no futuro, para seguir avançando.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Ver seus filhos crescendo felizes e com saúde é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

De sua casa em Damasco, capital da Síria, lembra-se do tempo que ficava com os filhos, tendo uma memória muito afetiva. Os familiares também apareciam muito para a visitar, principalmente às sextas-feiras, o dia de descanso para os muçulmanos. Aqui no Brasil foi difícil alugar uma casa pela documentação exigida. Trabalhou muito ao lado do marido, abriram um restaurante e agora fazem comida árabe sob encomenda. Sonha em voltar para a Síria, mas apenas a passeio, para rever os familiares.

 

 

 

 

 

 

 

 

Trabalhar para ajudar os outros com o trabalho que faz é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil”.

 

 

 

Sua casa em Caracas, capital da Venezuela, era simples mas completa, pois tinha o necessário: sua mãe, seu pai e o amor entre todos. Estavam sempre juntos, a família, os amigos. Por isso, ter que sair do seu país, se separar de quem ama, é difícil. A barreira do novo idioma na chegada ao novo país também dificulta. Hoje em dia trouxe os pais, tem seu próprio apartamento (“nosso castelo”) e, ao lado de sua companheira e enteada, sonha em ter seu próprio restaurante, e também em ajudar as pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

 

“O sonho de me reunir com a família e ser feliz com eles é o que me faz sentir em casa, estando no Brasil.”

 

 

 

Entre sua casa em Kinshasa, na capital da República Democrática do Congo, e sua casa aqui em São Paulo, não vê muita diferença: sempre está ouvindo música – música animada – recebendo os amigos para cultivar boas conversas. Assim como a rotina que tinha no Congo, sai todo dia de casa para ir trabalhar e volta, sonhando e se esforçando para um futuro melhor para sua família que Jeef está tentando trazer do Congo. Segue firme com seu objetivo, dia após dia, com a satisfação de se sentir bem no Brasil.

E você? O que te faz sentir em casa, estando longe de casa? Compartilhe usando a #EmCasaNoBrasil