À medida em que centenas de refugiados burundeses continuam a chegar nos países vizinhos a cada semana, o ACNUR, está pedindo aos governos anfitriões que providenciem urgentemente mais espaço para garantir abrigo e evitar uma drástica deterioração das condições.
GENEBRA, Suíça, 07 de fevereiro de 2016 – À medida em que centenas de refugiados burundeses continuam a chegar nos países vizinhos a cada semana, o ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, está pedindo aos governos anfitriões que providenciem urgentemente mais espaço para garantir abrigo e evitar uma drástica deterioração das condições.
O número de pessoas que deixam o Burundi, onde as negociações de paz se estagnaram, tem crescido nas primeiras semanas do ano, aumentando a pressão por novos espaços nos países que as acolhem, particularmente na Tanzânia, na Ruanda e na República Democrática do Congo (RDC). A maioria são mulheres, crianças e indivíduos com necessidades específicas.
No início de fevereiro, o número de refugiados burundianos que chegaram desde abril de 2015 ficou na marca de 386.493 pessoas. As projeções de 2017 indicam que os números chegarão a meio milhão. Atualmente a Tanzânia hospeda 222.271 pessoas; Ruanda, 84.866 e RDC, 32.650.
Sem alocação de novas terras para ampliar a capacidade em campos existentes ou construir novos, esses países terão dificuldade em fornecer abrigo suficiente e serviços de salvamento nos locais de campo. As instalações também precisam de aprimoramento, incluindo a construção de mais casas, escolas, centros de saúde e melhorias dos sistemas de drenagem para diminuição do risco de doenças.
Os desafios e lacunas em razão da superlotação nos campos existentes incluem o acesso a serviços sociais básicos, fornecimento de proteção para crianças, luta contra a violência sexual e de gênero, insuficiência de salas de aula, a prevenção do ócio e a assistência a pessoas com necessidades especiais. A escassez de terras e o aumento do número de chegadas aumentam ainda mais esses problemas.
O ACNUR tem trabalhado com os governos anfitriões para abordar a questão da terra e ficou impressionado com o seu compromisso, bem como com a sua generosidade, porém mais ações são necessárias para evitar um declínio dos padrões e condições, incluindo a dependência do espaço cada vez menor para acomodar o crescente número.
Ao mesmo tempo, os países doadores devem ajudar com o aumento da assistência e do financiamento. No ano passado, o ACNUR recebeu 96,1 milhões de dólares em contribuições para a situação no Burundi, ou seja, 53% do montante solicitado.
Tanzânia
Por ter recebido mais refugiados do que qualquer outro país, a Tanzânia está sofrendo a maior pressão. As chegadas permaneceram altas em janeiro, com uma média de quase 600 por dia. Todos os três campos que hospedam refugiados enfrentam uma forte pressão e o ACNUR e parceiros estão estimulando o governo a alocar urgentemente terras para novos campos.
A capacidade de Nduta, o único acampamento aceitando recém-chegados, ultrapassou recentemente a atual capacidade de 100 mil pessoas e enfrenta a maior pressão. Organizações humanitárias estão lutando para fornecer serviços básicos mínimos e temem um surto das emergências de saúde se o aglomeramento piorar e as instalações não conseguiram acompanhar o ritmo.
República Democrática do Congo (RDC)
A República Democrática do Congo enfrenta escassez de terra no campo de Lusenda, onde a população quase dobrou para 25 mil pessoas no final de 2016. Em janeiro, 1.040 burundeses foram registrados. Enquanto isso, mais e mais pessoas estão esperando em centros de trânsito para serem transferidas para o campo.
A maioria dos refugiados burundeses no leste da RDC vive em Lusenda, a cerca de 70 quilômetros do Burundi. O campo foi ampliado várias vezes em 2016, mas está quase cheio. Os abrigos são próximos uns dos outros e o ACNUR se preocupa com os riscos de incêndio se mais unidades forem incluídas.
A falta de terra tornou impossível oferecer aos refugiados parcelas destinadas à agricultura, o que os ajudaria a tornarem-se autossuficientes.
Ruanda
O campo de Mahama, em Ruanda, ultrapassou a capacidade de 50 mil refugiados e agora abriga mais de 53 mil. Cada vez mais os 38 mil refugiados urbanos burundeses estão pedindo para serem transferidos para o campo, já que não conseguem mais viver nas cidades. Em janeiro, com o número de chegadas estimado em mais de 160 pessoas por semana (o dobro em relação ao ano passado), muitos vivem sob lonas em hangares comunitários superlotados, esperando a mudança para um abrigo familiar. Além da falta de higiene nesses hangares, as condições de vida apresentam sérios riscos de proteção devido à falta de privacidade.
Outros desafios em Mahama incluem desgaste da terra, falta de iluminação e drenagem pobre que levam à problemas de saúde e segurança. Após fortes chuvas, formam-se erosões, o que leva à deterioração das condições sanitárias, culminando em riscos para a saúde, bem como possíveis danos físicos às crianças e danos aos abrigos. Planejamos construir um alojamento melhor concebido, mas a necessidade de mais terra é urgente.
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