Refugiados fazem apresentações emocionantes no Eurovision

Cantores com histórico de deslocamento forçado representaram a Suécia e a Rússia na competição de 2020. No intervalo, um bailarino refugiado nos Países Baixos se apresentou

A Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Manizha, ensaia antes de sua apresentação no concurso de canções do Eurovision 2021. 12 de maio de 2021 © EBU/THOMAS HANSES

Quando sua apresentação na semifinal do Eurovision 2021 atingiu seu triunfal ritmo, Manizha, uma ex-refugiada do Tadjiquistão e Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, Agência da ONU para Refugiados, ela ergueu seu braço para o ar e gritou:


“Vocês estão prontos para a mudança? Porque nós estamos. Nós somos a mudança!”

A audiência aplaudiu e bradou em aprovação.

Manizha, que usava um terno vermelho, ficou no palco sorrindo e contemplando seus aplausos. Ela estava representando a Rússia com sua canção “Mulher Russa”, que foi indicada para a Grande Final que ocorreu no último sábado (22).

“Estou muito orgulhosa de representar a Rússia”, afirmou em uma entrevista após a semifinal.

“Antes de mim estão muitos anos de luta”

“Eu nasci no Tajiquistão, onde ocorria uma guerra horrível que forçou nossa mudança. A Rússia se tornou a nossa nova casa. Antes de mim estão muitos anos de luta. Agora, eu estou em um estágio com minha experiência como refugiada e posso falar para as pessoas não terem vergonha de quem são”, afirmou.

Ela fugiu do Tajiquistão em 1994 e agora vê em sua música e fama uma plataforma para falar em nome dos refugiados ao redor do mundo.

Manizha está entre os cantores com histórico de deslocamento forçado que representaram seus países no Eurovision deste ano.

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Tusse, Suécia, Segundo Ensaio, Rotterdam Ahoy, 12 de maio de 2021 © EBU/ANDRES PUTTING

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Ahmad Joudeh, dançarino de balé com histórico de deslocamento forçado, que se apresentou na Eurovision 2021 © JULIEN BENHAMOU

O outro é Tousin “Tusse” Chiza, um cantor de 19 anos que nasceu na República Democrática do Congo e representou a Suécia, país que mora desde os oito anos de idade.

Tusse conseguiu asilo na Suécia após ser separado de seus país e morar por três anos em um campo de refugiados em Uganda. Ele compartilhou suas experiências de superar os desafios, se ajustar e se adaptar a novas situações, ajudando a empoderar jovens refugiados que enfrentam uma situação parecida.

“Você pode ouvir um milhão de vozes”

“Você pode ouvir um milhão de vozes saindo na chuva”, canta Tusse em sua apresentação na semifinal da canção “Voices” (Vozes). “Você sabe que temos um milhão de escolhas, então saia e deixe chover”.

Além disso, Ahmad Joudeh, um bailarino refugiado nos Países Baixos, se apresentou durante o intervalo das semifinais. Sua apresentação se chamava “Encontros íntimos de um tipo especial”, e era sobre o desejo natural da humanidade em se conectar e buscar uma compreensão mútua.

Em 2016, seu talento e paixão extraordinária pela dança fizeram a Academia Nacional Holandesa de Ballet convidar Ahmad para continuar seus estudos e conseguir uma carreira nos Países Baixos. Como um dançarino profissional e coreógrafo, Ahmad é apaixonado por dar voz aos refugiados e pessoas apátridas ao redor do mundo.

Neste ano, o Eurovision destacou o tema “Abertura” para todos os três artistas com históricos de deslocamento forçado e suas performances foram uma oportunidade para promover a mensagem de inclusão e união.

Manizha apareceu no palco na terça-feira vestindo um vestido volumoso, o qual ela rasgou no meio de sua apresentação.

“Este vestido é o símbolo do avanço, esquecendo os estereótipos e dando o palco a pessoas reais com suas vidas reais”, explicou ela. “É por isso que estou saindo dele, estou me abrindo”.