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Aplicativo pioneiro poderá promover acesso à saúde para indígenas refugiados e migrantes em Belém

Notas informativas

Aplicativo pioneiro poderá promover acesso à saúde para indígenas refugiados e migrantes em Belém

Uma nova ferramenta digital busca romper barreiras linguísticas e culturais no atendimento à saúde de comunidades indígenas refugiadas e migrantes no Brasil
28 Janeiro 2025
Aplicativo para interpretação Warao em Belém

No Pará, refugiados indígenas recebem capacitação sobre interpretação para apoiar suas comunidades com mediação intercultural para acesso aos serviços de educação e saúde

No esforço de ampliar o acesso à saúde para comunidades indígenas refugiadas e migrantes, no dia 24 de janeiro, começou a ser testado, em Belém (PA), o uso de um aplicativo de interpretação denominado LUA – Linguagem Universal Acessível. O aplicativo, desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), é fruto do projeto “Maior Acesso à Saúde para Comunidades Indígenas por meio de um Aplicativo de Interpretação”. A iniciativa, que está sendo implementada através do Fundo de Inovação Digital do ACNUR, tem como objetivo aprimorar a comunicação entre os povos indígenas e os profissionais de saúde, a fim de garantir um atendimento mais eficaz e humanizado nas unidades de saúde que atendem comunidades Warao. 

“O aplicativo Lua é um sonho antigo do grupo de pesquisa e extensão Mobilang da Universidade de Brasília, que desde 2011 presta serviços de interpretação comunitária para que pessoas que não falam português possam acessar serviços públicos e assim garantirem seus direitos”, comenta Sabine Gorovitz, professora da UNB e líder do Grupo Mobilang. Atualmente, o Grupo Mobilang gerencia um banco com cerca de 150 intérpretes voluntários previamente formado e cobre um total de 20 línguas diferentes.

O projeto está sendo implementado em parceria com o grupo Mobilang da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) e o Conselho Warao Ojiduna. “Como intérpretes Warao e de língua espanhola para português, temos a certeza de que poderemos ajudar o nosso povo Warao por meio do aplicativo”, destaca a intérprete voluntária, Gardenia Cooper Quiroz.

A chefe de escritório do ACNUR em Belém, Janaina Galvão, destacou a importância de garantir que pessoas deslocadas à força tenham acesso pleno a serviços e direitos na comunidade de acolhida. "Ferramentas digitais como este aplicativo representam um passo transformador, não apenas por viabilizar uma comunicação mais eficiente entre os profissionais de saúde e as comunidades indígenas refugiadas e migrantes, mas também por fortalecer sua inclusão e dignidade. O apoio do Fundo de Inovação do ACNUR foi essencial para possibilitar esta solução inovadora, que já está gerando impactos positivos em Belém," afirmou.

Professora do Curso de Interpretação Comunitária e Forense/Mobilang-UnB Jaqueline Nordin durante capacitação realizada em Belém (PA)

A professora do Curso de Interpretação Comunitária e Forense/Mobilang-UnB Jaqueline Nordin durante capacitação realizada em Belém (PA)

Por meio do aplicativo, espera-se também sensibilizar os profissionais de saúde no atendimento ao povo Warao. “Acreditamos que eles vão ter um entendimento melhor do que os Warao passam no dia a dia, de como eles interpretam e entendem o que é saúde, o que é doença, e assim poderão adaptar seus cuidados e atenção aos Warao, explica Clementine Maréchal, analista socioambiental do IEB.

Para Vitor Nina, diretor da Secretaria Municipal de Saúde de Belém, o aplicativo é capaz de ajudar nessa intermediação cultural e será essencial no atendimento das pessoas em qualquer um dos serviços de saúde. “A gente entende que é um passo fundamental para a organização de uma rede acolhedora a essa população que nos procura”, ressalta.

Sobre o projeto

A fase inicial do projeto, realizada em setembro e outubro de 2024, incluiu treinamentos para 20 pessoas refugiadas em interpretação comunitária e forense, complementado por um curso de português instrumental. Essa formação permitiu que membros da própria comunidade se tornassem intérpretes voluntários. Essa fase também contou com a formação para os profissionais de saúde de Belém em intercompreensão linguística. Ambos os treinamentos buscaram fornecer ferramentas para reduzir as barreiras linguísticas e culturais no acesso aos serviços básicos de saúde. 

Durante a segunda fase, já no final de 2024, se realizou um primeiro teste de usabilidade do aplicativo em quatro unidades de saúde e duas unidades de saúde mental habilitadas para atender a população Warao. Esse primeiro teste envolveu 45 participantes, incluindo intérpretes, agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros e outros profissionais da rede de saúde, além de representantes das instituições parceiras.

Neste momento, entramos na terceira fase do aplicativo, onde entregamos a plataforma para os profissionais de saúde de Belém, que atendem as comunidades Warao e para os intérpretes. Nessa fase, ocorrerá o teste real do aplicativo, no cotidiano dos atendimentos, é um momento crucial e determinante para o projeto, pois serão os feedbacks que receberemos durante o monitoramento, durante os próximos 5 meses, que indicarão o potencial do aplicativo e se poderá ser uma ferramenta eficaz para diminuir as barreiras linguísticas e culturais no atendimento à saúde e/ou os ajustes necessários para o seu aperfeiçoamento.

Sobre o Fundo de Inovação Digital do ACNUR

O Fundo de Inovação Digital oferece às operações do ACNUR apoio financeiro e técnico para implementar iniciativas inovadoras que abordem desafios enfrentados por pessoas que foram forçadas a se deslocar e apátridas. O objetivo é empoderar as comunidades a utilizar tecnologias digitais de forma segura, promovendo seu bem-estar e autossuficiência. Saiba mais sobre o Fundo de Inovação Digital do ACNUR.