8M: conheça histórias e trajetórias de mulheres refugiadas que movem mundos para sobreviver e prosperar

Forçadas a abandonar suas casas, mulheres refugiadas muitas vezes tornam-se pilares de suas comunidades e famílias, mesmo enfrentando mais desafios na jornada em busca de proteção. No mês de março, celebramos essas #MulheresQueMovemMundos para sobreviver e construir uma vida melhor para si, suas comunidades e famílias.

Forçadas a abandonar suas casas, mulheres refugiadas muitas vezes tornam-se pilares de suas comunidades e famílias, mesmo enfrentando mais desafios na jornada em busca de proteção.

Forçadas a abandonar suas casas, mulheres refugiadas muitas vezes tornam-se pilares de suas comunidades e famílias, mesmo enfrentando mais desafios na jornada em busca de proteção.

São Paulo, 8 de março de 2023 – Refugiadas são mulheres como qualquer outra que você conhece: mães inspiradoras, irmãs corajosas, colegas de trabalho competentes, professoras talentosas. Mas elas foram forçadas a deixar tudo para trás por conflitos armados, perseguição, catástrofes, fome e outras situações extremas.

Globalmente, elas representam cerca da metade das 100 milhões de pessoas forçadas a se deslocar, mas os desafios que enfrentam são, muitas vezes, desproporcionalmente maiores. Mesmo assim, ao serem forçadas a sair de suas casas, movem mundos inteiros para sobreviver e construir uma vida melhor para si, suas comunidades e famílias.

A discriminação contra as mulheres e meninas é causa e consequência do deslocamento forçado e da apatridia. Muitas vezes, a situação é agravada por outras circunstâncias, como a origem étnica, deficiências físicas, religião, orientação sexual, identidade de gênero e origem social.

Os caminhos que as mulheres percorrem em busca de refúgio são repletos de riscos. Elas são expostas à violência sexual, física e psicológica, incluindo a exploração sexual e laboral cometida por grupos criminosos ou até mesmo pessoas de sua comunidade. Mesmo assim, elas enfrentam os perigos de longas jornadas para chegar a um lugar onde possam viver sem violência.

O ACNUR oferece proteção a mulheres e meninas em todas as etapas do deslocamento forçado, para promover sua integração sustentável e solidária nas comunidades que as acolhem. Neste 8 de março, conheça histórias e trajetórias dessas #MulheresQueMovemMundos.

Shamsa Amin Ali, Somália

Shamsa Amin Ali, 38, e sua mãe Muslimo Ali Ibeahim, 82, chegaram ao campo de Dadaab, no Quênia, em março de 2022, depois de fugir dos efeitos da seca na Somália. ©ACNUR/Charity Nzomo

Shamsa resistiu até quando pode, mas as secas extremas erradicaram qualquer possibilidade de oferecer alimento para os filhos, forçando-a a cruzar uma fronteira e buscar proteção no país vizinho, o Quênia. “A seca é pior do que o conflito em curso na Somália, tornou a vida ainda mais difícil. Imagine não poder alimentar seus filhos e eles dormirem com fome,” disse.

A falta de comida também esteve presente durante a jornada de oito dias a pé até o campo de refugiados de Dadaab, onde vive atualmente com seus filhos e sua mãe, de 82 anos. “Nunca passei por esse tipo de seca. Isso me forçou a fugir do meu país em busca de comida”.

Mudanças climáticas aumentam os desafios enfrentadas por mulheres como Shamsa. Elas precisam de alimento para si e sua família, doe agora.

Wiins Marin, Venezuela.

“Onde eu morava, um gay não poderia andar de forma segura, sem o sentimento de medo”, afirma Wiins Marin, ativista venezuelana que recomeçou a vida em Manaus. ©ACNUR/Felipe Irnaldo

Nem sempre a autoestima de Wiins foi alta. Muito pelo contrário. Ela pode recuperá-la aos poucos após conseguir assumir sua verdadeira identidade de gênero de forma segura. É por isso que a jovem esteticista atua como voluntária no projeto “Corte Solidário”, em Manaus, uma inciativa organizada pela comunidade de refugiados e migrantes para transmitir mensagens de proteção e fortalecer a autoestima das pessoas assistidas nos espaços de acolhida em Manaus.

“Queremos mais respeito, inclusão, igualdade, tolerância e empatia. É cansativo se reafirmar para a sociedade o tempo todo, mas não podemos desistir”. No projeto, pessoas refugiadas e brasileiras oferecem gratuitamente cortes de cabelo nos mais diversos estilos a pessoas em situação de vulnerabilidade, independentemente de gênero, origem ou condição. “Se resistirmos, nossa voz soará mais forte que a intolerância”.

Inna, Ucrânia

A psicóloga ucraniana Inna Chapko (à esquerda) fornece informações sobre serviços psicossociais em um centro de acolhimento em Varsóvia, na Polônia. © ACNUR/Tarik Argaz

Saúde mental e cuidados psicológicos são essenciais para que pessoas refugiadas possam enfrentar os desafios do deslocamento forçado, em especial em situações de guerra, como é o caso da Ucrânia. Como psicóloga, Inna entende isso muito bem. Desde que foi forçada a sair do país, em fevereiro de 2022, ela está ajudando sua comunidade – de crianças a adultos – a lidarem com os efeitos traumáticos da guerra.

Inna trabalha em um centro de acolhimento de refugiados ucranianos na Polônia apoiado pelo ACNUR, e realiza sessões semanais de cuidados com estresse, cuidados específicos para mulheres, bem como sessões de aconselhamento individual e arteterapia.

“Ninguém está preparado para essas experiências”, afirma Inna sobre o trauma de vivenciar uma guerra. “Mas a maioria dos refugiados que passam por eventos estressantes não pensa em pedir ajuda. Eles continuam vivendo com a ‘mentalidade de sobrevivência’ que desenvolveram durante os tempos de crise, e suas feridas só se aprofundam”.

Estima-se que mulheres e crianças sejam 90% das pessoas refugiadas da Ucrânia. Apoie-as hoje mesmo, doe agora.

Mulheres pela Paz, Sudão do Sul

‘Mulheres pela Paz’ é um grupo comunitário independente que está liderando os esforços de construção da paz no Sudão do Sul. ©Werema Joshua/Produtor/Cinegrafista

Seus filhos, companheiros e parentes estão há anos lutando em conflitos armados. Entre as consequências, elas e outras mulheres vêm sofrendo com violência sexual em meio aos ataques a suas comunidades. Até que decidiram agir e, como resposta, se uniram para promover a paz.

Em 2019, criaram a Associação de Mulheres Magwi Payam, um grupo comunitário independente no sudeste do Sudão do Sul, atualmente com 35 mulheres. Muitas foram refugiadas em Uganda e retornaram, e agora procuram proativamente oportunidades para resolver conflitos na área.

O ACNUR também está trabalhando diretamente com a Associação de Mulheres para fornecer treinamento em habilidades empresariais e capital inicial para alfaiataria e outras atividades de pequenos negócios, com o objetivo de ajudá-las a obter uma renda segura.

Sanam, Afeganistão

Sanam, uma das mulheres que recebeu treinamento por meio do programa, mostra uma peça de roupa que ela confeccionou. ©ACNUR/Caroline Gluck

Sanam é o único membro de sua família que ganha uma renda desde a morte de seu pai. “Eu estava tão orgulhosa de ser capaz de sustentar minha família como um homem. E minha família também está muito orgulhosa de mim, por poder apoiá-los como uma menina”, disse ela.

Sua renda mensal já caiu dois terços desde que novas restrições de gênero foram introduzidas no Afeganistão e as existentes, reforçadas. “É difícil ir ao bazar. Não posso ir todos os dias agora e também preciso de um Mahram (guardião masculino, que é parente da família) comigo. Isso significa que é mais difícil comprar materiais para o trabalho e é mais difícil vender meus produtos. Antes, eu ganhava cerca de 7.000 afeganes por mês (US$ 78), mas agora só consigo ganhar cerca de 2.000 (US$ 22)”.

Insegurança alimentar, inflação alta e instabilidade econômica são uma realidade para milhões de mulheres no Afeganistão. Você pode ajudá-las, doe agora.

Samia, Mianmar

Samia, 14, é uma jovem refugiada rohingya e voluntária ambiental. Ela e outros membros de seu grupo estão trabalhando para educar sua comunidade sobre a conservação da vida selvagem no maior campo de refugiados do mundo, Kutupalong, em Bangladesh. ©ACNUR/Kamrul Hasan

Depois de chegar a Bangladesh, após uma viagem traumática desde Mianmar, Samia ficou consternada ao ver a floresta sendo destruída à medida que as árvores eram derrubadas para dar lugar a abrigos para o campo de refugiados. “Quando cheguei aqui, vi pessoas matando animais, cortando árvores jogando lixo em todos os lugares”.

Samia então integrou um grupo de jovens voluntários treinados pelo ACNUR e parceiros com o objetivo de identificar problemas ambientais e apresentar suas próprias soluções para eles. Para ela, foi uma oportunidade de educar sua família, amigos e vizinhos sobre a importância de proteger as árvores e a vida selvagem local que aparece pelo acampamento. Ela e o restante de seu grupo realizam sessões de conscientização com crianças, adultos e líderes locais, como imãs.

Esses projetos são financiados com apoio de pessoas como você. Ajude agora!

Mujeres Fuertes, Venezuela

Josefina (à esq.) e Mirasol (à dir.): colegas de classe no curso de auxiliar de cozinha do Serviço Nacional de Aprendizagem em Manaus (SENAI-AM). ©ACNUR/Felipe Irnaldo

Oportunidades de empregabilidade são essenciais para garantir que mulheres refugiadas possam recomeçar em segurança em um novo país, especialmente se elas são chefas de família. Entre a adaptação ao novo lugar e aprendizado do novo idioma, elas também são responsáveis pela integração de seus filhos.

A iniciativa “Mujeres Fuertes”, do ACNUR e parceiros, apoia a capacitação profissional de mulheres venezuelanas no estado do Amazonas como uma forma de incentivá-las a buscar autonomia e renda.

“Muitas coisas aprendemos aqui no laboratório. Com o certificado do curso, o próximo passo é conseguir montar meu próprio negócio para conseguir conciliar casa e trabalho com mais tranquilidade”, comenta Yoheli Carolina, 36, uma das participantes que vive no Brasil com seus dois filhos. Mãe solo em Manaus, diariamente ela divide o tempo entre preparar os meninos para a escola, organizar as tarefas domésticas e produzir trufas para custear o aluguel da casa onde moram, em uma vila na Zona Leste da cidade.

Ao apoiar mulheres refugiadas, você impulsiona todas e todos ao seu redor. Doe agora!