Fundo Zakat do ACNUR leva assistência a refugiados muçulmanos durante o Ramadã
Fundo Zakat do ACNUR leva assistência a refugiados muçulmanos durante o Ramadã

Saeedah, refugiada no Iêmen, passa mais um Ramadã com os seis filhos longe de casa
Mais de 120 milhões de pessoas no mundo foram forçadas a deixar suas casas, e quase 50% delas vem de países da Organização de Cooperação Islâmica (OIC) — onde 21% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Diante desse cenário, o Zakat se torna um verdadeiro símbolo de esperança: trata-se de uma das principais práticas do islã, que consiste em doar parte de sua riqueza para ajudar muçulmanos necessitados durante o Ramadã, o nono mês do calendário islâmico e um dos períodos muçulmanos mais sagrados, marcado por jejum do nascer ao pôr do sol, reflexão e atos de generosidade.
O Zakat pode ser doado ao ACNUR para que essa contribuição chegue rapidamente a refugiados da comunidade muçulmana em todo o mundo. Desde 2017, o Fundo Zakat para Refugiados do ACNUR beneficiou mais de 8,6 milhões de pessoas, garantindo que 100% das doações cheguem diretamente às famílias que mais precisam. Somente no primeiro semestre de 2024, 535.265 refugiados e deslocados internos receberam assistência graças a essa iniciativa.
Durante o Ramadã, um dos momentos mais esperados do dia é o Iftar, a refeição que quebra o jejum ao pôr do sol. Milhões de refugiados não têm garantia de que essa refeição chegará. É o caso de muitos vivendo no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia (perto da fronteira com a Síria), que abriga atualmente mais de 74 mil pessoas e é administrado em colaboração entre o ACNUR e o Governo da Jordânia desde a inauguração, em 2012.
Entre eles, está Yaser, pai de oito filhos que luta para sustentar a família. Três de seus filhos nasceram em Damasco, na Síria, e cinco no campo de Zaatari. Com assistência em dinheiro do ACNUR, a família conseguiu comprar gás para cozinhas, além de suprir outras necessidades. Em meio aos desafios, Yaser encontra tempo e se dedica a ler o Alcorão com os filhos. Neste Ramadã, sua doação pode apoiar famílias como esta.

Yaser é pai de oito filhos e luta para sustentar aa família. Na foto, ele aparece com os filhos Shaima (lenço na cabeça), 8 anos, Tabarak (jaqueta branca), 6, e Hamza (o mais novo), 4
Doe agora e leve esperança para quem mais precisa
Mãe e avó dedicada
Aos 67 anos, Ashwaq Masoud, refugiada do Iraque vivendo em Aman, na Jordânia, criou nove órfãos ao longo da vida, incluindo os netos, depois que a filha dela morreu, em 2014, e o genro os abandonou. Antes disso, em 1981, durante a guerra entre o Iraque e o Irã, Ashwaq perdeu a irmã e o cunhado, que deixaram três filhos sob seus cuidados.
“Minha maior conquista na vida é poder cuidar de meus netos. Eu não apenas crio essas crianças, mas também alimento, amo e fortaleço, e sou muito grata por isso”
“Apesar de ter vários problemas de saúde e da minha idade avançada, quero sempre poder estar presente para meus netos e vê-los crescer e se tornar o que sonham ser.” Atualmente, ela administra uma pequena empresa de alimentos e recebe assistência em dinheiro para sustentar a família.

Ashwaq Masoud, refugiada do Iraque na Jordânia, criou nove órfãos ao longo da vida, incluindo seus netos
Generosidade entre refugiados
Mesmo em meio às próprias dificuldades, refugiados no campo de Zaatari, na Jordânia, encontram em seu coração um lugar para a compaixão e a solidariedade. É o caso da síria Khirieh Eissa e de seu marido, Ahmad Al-Askar, que se juntaram a um programa de cuidados que visa apoiar Safa'a Mohammad, mulher síria de 70 anos que sofre de paralisia e ainda cuida do filho que tem uma doença mental.
O casal administra os medicamentos de Safa'a, cuida das tarefas domésticas e prepara refeições para ela.
“Minha compaixão pelos idosos me incentiva a cuidar daqueles que não podem cuidar de si mesmos. Isso me dá uma sensação de retribuição à minha mãe, que cuidou de nós. Além disso, o trabalho voluntário me ajudou a me conectar com refugiados carentes da comunidade. Por meio desse programa, pude prestar assistência direta aos idosos doentes, deficientes ou solitários, e gostaria de poder dar mais”
Neste Ramadã, mulheres idosas como Safa'a precisam de seu apoio para praticar os rituais religiosos do islã e sentir a sensação de lar que um dia tiveram.

No campo de refugiados de Zaatari, a idosa Safa'a Mohammad (à direita) recebe apoio e cuidados de outra refugiada: Khirieh Eissa
Mais um Ramadã longe de casa
Saeedah está passando mais um Ramadã longe de casa. Ela, os seis filhos e o marido precisaram deixar a casa da família no Iêmen. “Foi um período muito angustiante. Não conseguimos nem trazer nosso gado junto, não pudemos levar nada, nem cobertores, nem farinha... Até deixamos as portas abertas em nossa pressa para sair”, conta. Apesar de ter fugido para encontrar segurança em outra parte do Iêmen, a vida não é fácil.
“Comemos o que conseguimos. É um desafio, não temos dinheiro suficiente”, desabafa. “Não temos praticamente nada. A última vez que tivemos carne foi durante o Eid Al-Adha (Festa do Sacrifício, em junho).”
O ACNUR oferece assistência financeira crucial para ajudar famílias como a de Saeedah nesses tempos difíceis. A sua ajuda com o Zakat pode fazer a diferença para essas pessoas.
Doe agora para apoiar famílias no Ramadã
Seu Zakat ajuda famílias refugiadas a reescreverem sua história
“Neste Ramadã, seu Zakat pode fazer toda a diferença, oferecendo uma tábua de salvação para aqueles que mais precisam. Juntos, podemos tentar alcançar o maior número possível de famílias forçadas a se deslocar, fornecendo a elas o alívio tão necessário”
Todos os dias, Hala encontra famílias forçadas a se deslocar lutando para atender às necessidades mais básicas. É por causa da compaixão de quem doa que ela enxerga esperança para essas famílias. “A cada mês, milhares de refugiados ligam para nossa linha de ajuda em busca de assistência urgente. Seu Zakat garante que eles possam manter um teto sobre suas cabeças, se manter aquecidos e ter comida suficiente para o Iftar”, diz.
Na Jordânia, mais de 20 mil famílias de refugiados dependem da assistência financeira do ACNUR. Doações ajudam a garantir o essencial de que precisam para sobreviver, especialmente durante esses tempos desafiadores.
“O espírito do Ramadã me faz continuar”
“Foi durante o Ramadã, um período destinado à reflexão e à comunidade, que meu mundo se despedaçou”, conta a refugiada sudanesa Zakia Omar Noureen, 42 anos, que atualmente vive no Egito. Ela teve de deixar sua casa no Sudão devido à guerra que eclodiu em 15 de abril de 2023. O pai de Zakia saiu para ir ao mercado no dia do início do conflito e está desaparecido desde então.

Zakia Omar (de azul) é uma refugiada sudanesa que fugiu para o Egito com a mãe em junho de 2023, seis semanas após o início de uma guerra civil no Sudão, onde seu pai ainda está desaparecido.
“Antes da guerra, o Ramadã era uma época de celebração, união e solidariedade. Nós nos reuníamos com nossos vizinhos e familiares durante o Iftar, compartilhando água e comida com qualquer pessoa que passasse por nós — era um momento de oferecer uma mão acolhedora a todos. Essa tradição nos aproximava como uma comunidade, compartilhando bênçãos e alegria durante o mês sagrado.”
Agora, no Egito, a situação é diferente, mas o Ramadã continua a ser um período de esperança. “Embora tenhamos encontrado segurança, a incerteza sobre o futuro é grande. Mas, apesar das dificuldades, o Ramadã ainda é um lembrete da importância de nos unirmos. O espírito do Ramadã me faz continuar”, explica. “Nestes tempos de incerteza, sua bondade pode trazer esperança e segurança para os necessitados”, diz.
Sobre o Fundo Zakat do ACNUR
O Fundo Global de Zakat para Refugiados do ACNUR foi criado em 2017 para fornecer uma forma segura e eficaz de doação para a comunidade islâmica, garantindo que o Zakat beneficie diretamente refugiados e deslocados internos. Apoiado por 17 Fatwas (decreto legal e religioso do islã) ao redor do mundo, incluindo o Conselho Superior dos Teólogos e Assuntos Islâmicos do Brasil, o fundo opera com rigorosos critérios de transparência. Saiba mais na página.