Evento sobre resiliência climática e inclusão socioeconômica marca o Dia Mundial do Refugiado em Manaus
Evento sobre resiliência climática e inclusão socioeconômica marca o Dia Mundial do Refugiado em Manaus

ACNUR, Governos do Japão e do Brasil, órgãos públicos e sociedade civil participaram do evento no Amazonas
Manaus – A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Pacto Global no Brasil lançaram na manhã desta terça-feira (17) o Hub Amazonas do Fórum Empresas com Refugiados – com empresas e organizações empresariais de diferentes segmentos, interessadas em contratar e capacitar profissionais refugiados, compartilhando experiências e boas práticas de responsabilidade social.
No mesmo evento, o tema da justiça climática e dos impactos dos eventos climáticos extremos em populações vulnerabilizadas foi discutido entre especialistas dos governos federal e estadual. A mesa de abertura contou ainda com representantes dos setores público, privado e da sociedade civil, inclusive com a participação do Governo do Japão, representado pelo Cônsul Geral em Exercício, Akira Suzuki.
“Desde 2019, o Japão e o ACNUR desenvolveram cinco projetos de apoio aos refugiados no Brasil, o mais recente de inclusão socioeconômica de mulheres refugiadas. Neste momento em que celebramos o dia da migração japonesa no Amazonas e o Dia Mundial do Refugiado, parabenizamos o ACNUR pela realização deste importante evento e ao povo brasileiro como um todo pelo acolhimento digno dado aos refugiados”, disse Suzuki.
No segundo momento do evento, foram discutidas iniciativas de resposta aos impactos das mudanças climáticas e desastres. Participaram da mesa representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). Por parte do Governo Federal, destacou-se o compromisso de considerar e incluir as pessoas refugiadas no Plano Clima e no Plano Nacional de Defesa Civil.
“As pessoas refugiadas já estão integradas ao sistema brasileiro de proteção social, sem qualquer discriminação no processo de inclusão, e da mesma forma, no âmbito ambiental, enfrentando os eventos climáticos e as vulnerabilidades sociais sem que ninguém seja deixado para trás, sendo este um chamado para cada um de nós em prol da integração dessa população”, afirmou Cinthia Miranda, Coordenadora-Geral do Serviço de Situações de Calamidades Públicas e Emergências no SUAS.
A mediação desta mesa foi feita pela jornalista venezuelana Lis Perez, fundadora do Centro de Apoio para Mães Migrantes Acompañadas, que reforçou o papel social das pessoas refugiadas nas discussões dos temas que as afetam.
“Pensar na inclusão das pessoas refugiadas se faz conosco, sem que sejamos vistos apenas como beneficiários, mas também como parte integrante do desenvolvimento das propostas, por meio das interações que temos entre as comunidades que residimos, das empresas que atuamos, dos negócios que realizamos”, disse a jornalista.
Essa posição se alinha com o que foi dito por Luana Medeiros, Diretora do Departamento de Migrações do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). “O evento de hoje representa muito bem o que temos tentado construir nos últimos anos sobre a política nacional para refugiados, migrantes e apátridas no Brasil. Concilia a cooperação entre os diferentes órgãos do governo, articulação federativa das esferas do poder e a participação social destas populações, das organizações sociais e do setor privado, cada um com um papel fundamental nesse processo”, destaca Medeiros.
A última mesa foi composta por representantes do setor privado e discutiu diferentes estratégias de promoção da empregabilidade de profissionais refugiados no estado, na sequência do lançamento oficial do Hub Amazonas do Fórum Empresas com Refugiados, o primeiro realizado no país. A iniciativa se propõe a potencializar o engajamento do setor privado para a integração de profissionais refugiados e já conta com 17 empresas e instituições do Amazonas, que somam mais de 360 contratações dessa população.
“O compromisso do setor privado em atuar em prol da empregabilidade de pessoas refugiadas é uma relação em que ambos os lados ganham, com resultados efetivos de entrega e na ampliação de conhecimentos. Os profissionais refugiados agregam diversidade, inovação e comprometimento que se traduz em resultados práticos, contribuindo para o desenvolvimento tanto das empresas quanto das comunidades onde estão inseridos”.
Relevância do Amazonas na integração de pessoas refugiadas
De acordo com dados do Observatório das Migrações (OBMigra), o Estado do Amazonas foi o terceiro que mais recebeu pedidos da condição de refugiado em 2024, com 3.431 solicitações, o que representa 5% do total nacional, atrás apenas de São Paulo e de Roraima (ambos com 36% cada).
Para além destes números, o Amazonas tem se consolidado como um importante polo de inclusão socioeconômica de refugiados. São mais de 100 mil pessoas em necessidade de proteção internacional no estado. As parcerias com o setor privado são fundamentais visto que as empresas são agentes de desenvolvimento econômico e social, e dialogam com a Agenda 2030 para que ninguém seja deixado para trás – incluindo as pessoas refugiadas.
“Em 2021 lançamos em âmbito nacional o Fórum Empresas com Refugiados e hoje temos orgulho de lançar o Hub do Amazonas, o primeiro no Brasil, que já soma 17 empresas e instituições presentes no Estado que se associaram de forma gratuita, comprometidas com a causa social dos refugiados, que trazem resultados evidentes para seus negócios”, ressalta Paulo Sérgio Almeida, Oficial de Meios de Vida do ACNUR.

Fórum Empresas com Refugiados se une ao Instituto Hermanitos para criação do Hub Amazonas
Como exemplo prático, Ilana Benchimol Minev, Presidente do Conselho de Administração do Grupo Bemol, apresentou os desafios e o compromisso da contratação de profissionais refugiados.
“Em 2018 iniciamos o programa de diversidade na empresa, com três grandes frentes: incluir colaboradores refugiados, indígenas e profissionais com mais de 50 anos. Hoje, temos 130 de colaboradores refugiados e migrantes. No início foi difícil para encontrar e realizar a seleção desses profissionais, enfrentar as barreiras linguísticas. Mas superamos estes desafios e, atualmente, realizamos treinamentos frequentes sobre diversidade, incluindo isso no nosso código de ética, conciliando o respeito a essas pessoas tanto internamente como junto aos nossos clientes”, contou Ilana.
Participaram da mesa Luiza Mamede, Gerente de Recursos Humanos da Solar Coca-Cola; Silvana Aquino, Gerente de Recursos Humanos e ESG da Visteon; Juliana Amaral, Gerente Geral da Holiday Inn Manaus; e a engenheira venezuelana Milka Yañez, Desenvolvedora de Sistemas do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico, que deu um depoimento emocionante.
“Quando cheguei em Manaus, distribui meu currículo para diversas empresas. O Instituto Hermanitos ajudou a me encaixar no mercado de trabalho de acordo com minha formação, impulsionado pela revalidação de meu diploma. Desde que cheguei na empresa, fui acolhida como uma profissional a mais, como parte da equipe sem qualquer diferenciação, arcando com minhas devidas responsabilidades”, disse a engenheira Yañez.

Yañez conta como o trabalho tem sido fundamental para sua integração e estabilidade no Brasil
Para consolidar os resultados do Hub e ampliar seu alcance, o Instituto Hermanitos, organização que lidera e coordena as ações do Hub Amazonas, será responsável pela articulação e desenvolvimento das atividades junto aos membros da iniciativa. Assim, as capacitações e encontros contextualizarão a realidade local.
“O Hub Amazonas do Fórum Empresas com Refugiados reúne empresas no estado que são comprometidas com a inclusão de refugiados e oferecem oportunidades para que estes profissionais se desenvolvam e contribuam para as empresas. Desta forma, fortalecemos a construção de uma sociedade mais justa, diversa e economicamente próspera para todos”, afirma Tulio Duarte, Diretor Presidente do Instituto Hermanitos.
Sobre o Hub Amazonas
Vinculado ao Fórum Empresas com Refugiados, a iniciativa tem como objetivo reunir empresas e organizações empresariais do Amazonas para potencializar o engajamento com a inclusão socioeconômica de pessoas refugiadas. Saiba como aderir em empresascomrefugiados.com.br/hubs. As empresas que já aderiram ao Hub Amazonas estão listadas no site Empresas com Refugiados.
Sobre o Fórum Empresas com Refugiados
O Fórum Empresas com Refugiados é uma iniciativa da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e Pacto Global no Brasil. É formado por mais de 140 empresas e outros tipos de organizações empresariais interessadas em apoiar a inclusão de pessoas refugiadas no mercado de trabalho. Visa promover a troca de experiências entre empresas, ações de capacitação e sensibilização para a contratação e/ou inclusão de pessoas refugiadas, assim como divulgação de guias, cartilhas e outros materiais informativos. Saiba mais em www.empresascomrefugiados.com.br/forum.