Este é um resumo do que foi dito pelo porta-voz do ACNUR, William Spindler, ao qual o texto citado deve ser atribuído, na coletiva de imprensa de hoje no Palácio das Nações em Genebra.
Refugiados são alojados em abrigos temporários após enchentes devastadoras no estado do Rio Grande do Sul. © ACNUR/Vanessa Beltrame
Genebra, 24 de maio de 2024 – Quase um mês após o início das fortes chuvas no estado do Rio Grande do Sul, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) está ampliando sua resposta de forma coordenada com o Governo do Brasil e autoridades locais para atender às necessidades dos mais vulneráveis – incluindo 43.000 refugiados e outras pessoas em necessidade de proteção internacional, principalmente venezuelanos, haitianos e cubanos, além das comunidades que as acolhem.
As inundações são o maior desastre climático no sul do Brasil e causaram 163 mortes e deslocaram cerca de 580.000 pessoas. Mais de 65.000 ainda estão em centros de acomodação temporária; 93 por cento das cidades e áreas rurais no Rio Grande do Sul foram afetadas. Estima-se que são necessários US$ 3,21 milhões para apoiar a resposta do ACNUR, incluindo assistência financeira para os indivíduos afetados e itens essenciais de socorro.
Uma equipe especializada em gestão de abrigos, documentação e prevenção de violência baseada em gênero foi mobilizada para as áreas de desastre e está coordenando o recebimento de itens de socorro enviados pelo ACNUR. A equipe também está fornecendo assistência técnica para melhorar o funcionamento dos abrigos, especialmente em Porto Alegre, capital do estado.
As primeiras Unidades de Habitação Emergenciais e colchonetes chegaram à área afetada, vindas do armazém do ACNUR em Boa Vista (RR). Outros itens como recipientes de água, mochilas, lonas, lâmpadas solares, cobertores e kits de higiene e sanitários estão a caminho do Rio Grande do Sul. Mais itens estão sendo enviados dos estoques do ACNUR na Colômbia e no Panamá.
O ACNUR e a Agência da ONU para as Migrações (OIM) estão visitando abrigos para avaliar as necessidades de pessoas refugiadas, outras em necessidade de proteção internacional e migrantes para avaliar suas demandas e apoiar os casos mais urgentes. Os entrevistados expressaram preocupação com seu futuro, especialmente sobre para onde retornarão e quando.
O ACNUR, com parceiros, também está priorizando a reemissão de documentos perdidos.
Organizações lideradas por pessoas refugiadas no Rio Grande do Sul têm coletado e distribuído doações e voluntariado no contexto de emergência. Segundo dados do governo federal, o estado do Rio Grande do Sul abriga mais de 21.000 venezuelanos que foram relocados de forma voluntária do estado de Roraima, desde abril de 2018.
A situação no Rio Grande do Sul é muito preocupante. A previsão do tempo para os próximos dias indica chuvas e ventos fortes, tempestades e possível queda de granizo em partes do território.
Eventos climáticos extremos no Brasil têm sido mais frequentes e devastadores nos últimos anos, incluindo secas na região amazônica e chuvas severas nos estados da Bahia e Acre, todos os quais o ACNUR também contribuiu com ajuda humanitária em parceria com os governos.
Mas o financiamento para lidar com os impactos das mudanças climáticas é insuficiente para atender as necessidades daqueles deslocados à força e das comunidades que os acolhem. Sem ajuda para se preparar e responder a esses impactos, incluí-los nos planos nacionais de adaptação e para se recuperar das consequências climáticas severas, eles correm o risco de novos deslocamentos forçados. Mais ajuda é necessária para fornecer socorro vital às famílias que perderam tudo.
Enquanto isso, no Afeganistão, inundações repentinas e chuvas intensas, que começaram em 10 de maio, causaram extensos danos e perdas de vidas no norte, nordeste e oeste do país. Milhares de casas e hectares de terras agrícolas foram danificadas ou destruídas, e mais de 300 pessoas morreram. O ACNUR tem respondido com outras agências da ONU, avaliando necessidades e distribuindo tendas de emergência, itens não alimentares e kits de roupas. Com parceiros, o ACNUR também está monitorando preocupações de proteção, incluindo casos relatados de separação familiar, e está oferecendo apoio psicológico. Voluntários treinados pelo ACNUR têm disseminado informações sobre os serviços disponíveis. Novas inundações ainda estão sendo relatadas e grandes áreas permanecem isoladas devido a estradas e pontes danificadas.
A situação em toda a África Oriental também continua sendo motivo de grande preocupação. No Quênia, mais chuvas intensas nesta semana inundaram partes do campo de Kakuma, afetando abrigos e instalações públicas, incluindo clínicas de saúde e escolas. O ACNUR e parceiros estão distribuindo itens de socorro, ajudando a evacuar os mais afetados para áreas seguras e reabilitando abrigos danificados.
No Burundi, o ACNUR, com o governo e parceiros, está assistindo os mais afetados através de realocações para locais temporários, fornecimento de água limpa, assistência financeira para necessidades urgentes e distribuição de materiais escolares para crianças. No Sudão do Sul, Sudão e Somália, mais chuvas são esperadas, e os rios continuarão a transbordar nas próximas semanas. Um grande número de refugiados e deslocados está abrigado em locais que podem ser severamente impactados. Nossas equipes estão trabalhando com parceiros na preparação, no entanto, a falta de financiamento está dificultando investimentos significativos em medidas de mitigação.
As mudanças climáticas afetam desproporcionalmente os refugiados e outras pessoas necessitadas de proteção internacional, que já vivem em áreas vulneráveis suscetíveis aos efeitos de eventos climáticos extremos e recorrentes.
Em abril de 2024, o ACNUR lançou seu primeiro Fundo de Resiliência Climática para construir a resiliência de refugiados, comunidades deslocadas e seus anfitriões à crescente intensidade de eventos climáticos extremos relacionados às mudanças climáticas.
Para mais informações sobre este tópico, entre em contato com:
Em Genebra, William Spindler, [email protected], +41 79 549 5998
No Panamá, Luiz Fernando Godinho, [email protected], +507 6356 0074
No Brasil, Miguel Pachioni, [email protected], +55 11 98875 3256
Em Cabul, Caroline Gluck, [email protected], +93 (0) 70 246 6642
Em Nairóbi (regional), Faith Kasina, [email protected], +254 113 427 094
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